quarta-feira, 27 de abril de 2011

Espera

Espera eu me arrumar, calçar meu sapato, colocar o casaco, tá frio. Espera meu coração acalmar, desacelerar, ou voltar a bater em uma velocidade mais eufórica, sabe como é, ele anda num marasmo tão grande que às vezes até vacila e esquece de bater por alguns milésimos de segundo, anda preguiçoso.  Deixa meu cabelo secar, e espero que ele não fique muito assanhado, mas se ficar também não vai ter problema, já me disseram que cabelo assim pode ser considerado um charme. Espera meu olhar focar e parar de ficar vidrado no vácuo, eu preciso de um ponto para me guiar, como não tenho, só fico indo sabe-se lá onde. E deixa minha respiração suspirar, me deixa sonhar, ou comer os sonhos. Deixa eu voltar a ser um pedaço de quem eu fui, ou um modelo de mim mesma mais madura. Deixe-me aprender, a saber, o que é ser maduro. E espera o momento que eu estiver sorrindo sem motivos especiais, ai vou estar bem. Atualmente ando fazendo uma força fora no normal para sorrir, sinto falta dos momentos que eu sorria e nem sentia. É como se eu estivesse numa vida com lembranças que não são minhas, mas que eu estou presente. E espera eu me recompor, eu juntar os pedaços de mim, deixa eu me refazer, ou me reinventar, sinceramente estou  tão perdida que não sei mais que sou, só sei que estou aqui. E quando eu estiver pronta, segura minha mão, me leva pra dar um volta, em um lugar bem ventilado, onde a brisa possa bater de leve no rosto, e o som ao ouvir no fundo seja o do mar, ou das árvores, ou de carros buzinando, não importa, porque por dentro eu saberei que estará tudo bem. E me puxa pra junto, se faz de porto-seguro, e diz que sempre vai estar por perto. Me faça engordar em jantares deliciosos ou comendo no botequim da esquina. Beba comigo enquanto eu fico gargalhando sem motivos e fique a me olhar, sem explicar, sem precisar falar. E eu deixo você segurar meu rosto enquanto eu fecho os olhos e sinto que tudo esta firme, que sou eu na minha vida e que tenho o controle de toda situação. E quem não poderia desejar tudo isso? Eu desejo, mesmo que meu olhar negue e me meu sorriso se feche. Mesmo que eu não te encare ou te descarte. Mas espera, espera por uma eu que esta por vir, ela será bem melhor do que eu sou hoje. Agora preciso ir, me arrumar, calçar meu sapato, colocar o casaco, tá frio.

sábado, 9 de abril de 2011

Sem mais.

As mãos se tocavam inquietas, os olhares nervosos, ele suava, ela lembrava bem isso. Depois de tempos, ficaram frente a frente, sentimentos a mais, desejos além. Ela insegura fisicamente, ele seguro e firme. Ela perdia a voz, travada, ele falava. A noite corria, os olhares trocados, se beijaram. E depois ficaram meio assim, sem saber o que fazer. Ele passou o braço envolto do seu pescoço, ela pequena, encaixava bem, sua pequena. Sorrisos tímidos, mãos inquietas, sem saber em que lugar pousar. O corpo do outro, totalmente desconhecido por perto. Um corpo estranho, mas agradável, confiável, mais que todos aqueles que ela tanto confiou um dia.  E era tão diferente de tudo que já teve, como se fosse algo bom, puro, não precisava esconder, mentir, só precisava acreditar que daria certo. E fez por onde, porque via que ele também fazia, sentia que ele queria, e por mais que ela negasse, era o mesmo que ela. Queriam se querer e se permitiram isso. Ela voltou a se olhar no espelho, e se agradar com o que via, era bem mais fácil fazer isso com alguém sussurrando ao seu ouvido coisas doce. E ele voltou a ser mais calmo, mais caseiro, e se tornou ‘apegavel’. E começaram a ver que as diferenças era só algo que somava, que daria pra encarar o ‘Eduardo e Mônica’ e ir além. E assim fizeram. Não seguraram firmes as mãos, não fizeram promessas, não falaram em futuro. Simplesmente deitaram no sofá, fizeram pipoca, se aninharam e ficaram juntos, sem mais. Sem precisar de mais.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Ciclos

É como se tudo que começasse na nossa vida tivesse que ter um começo, meio e um fim. Ta, tudo bem que as vezes as coisas não são necessariamente assim. O fim chega antes do esperado e la estamos nós, encerrando mais um ciclo da nossa vida. E enquanto muitas vezes sofremos por aquele momento que acabou, não conseguimos enxergar que novos ciclos começam. As vezes nos pegamos pensando, ‘eu só queria que isso acabasse logo’ e quando nem nos damos conta, passou, outro ciclo encerrou. E nossa vida é assim, nós que não nos damos conta, são frações de felicidade, tristeza, euforia, pedaço de coisas que teimamos em chamar de sentimentos, quando na verdade isso não passou de mais uma etapa.  Por muitas, e muitas vezes, queremos pular ciclos, uns são mais curtos, outros mais longos, existem ciclos de uma vida, que só acabam quando uma das partes se vai. Outras vezes, o ciclo se fecha para um dos envolvidos, e o outro insiste, teima, não entende que já passou que seu momento chegou ao fim, mesmo que pra você, mesmo que no seu ciclo, o outro seja o principal foco. E teimamos, lutamos para que o outro veja que ainda não chegou ao fim, para nós. E guiamos nossas vidas por ciclo de anos, (é, nesse ano te desejo tudo de maravilhoso, que você consiga realizar todos os seus sonhos), ciclo de meses (no começo do mês vou quitar todas as minhas dívidas), ciclo de semanas (ah, na segunda-feira eu começo o regime, JURO!). O que não nos damos conta é que a vida é um ciclo sem fim, o hoje é um ciclo pro amanhã começar, pra daqui a uma semana, pra eu começar um curso novo, buscar um novo amor. E ficamos tão ligados a isso que por vezes nem vemos que já estamos rodando feito tontos embolando em meio a tantas frações de acontecimentos. Quando na verdade o precisamos mesmo, é parar. É botar a cabeça pra descansar só um minutinho, parar de ir com as coisas e escolher as coisas que queremos ir. E focar. Esquecer um pouquinho que o mundo pode esperar e realmente viver o hoje, só uma vez, como se fosse a ultima.

domingo, 3 de abril de 2011

Espelho de amor

E quando viver a vida do outro passa a ser mais importante que viver a nossa própria vida? Você simplesmente esquece de ser a pessoa que a outra tanto gostava e passa a ser uma forma de cobrança transformada em pessoa. Você quer que o outro seja uma transformação sua, e não a mesma pessoa por quem se apaixonou  não se dando conta que acaba sufocando, exigindo o inexigível.  E você fica procurando todos os defeitos, as falhas, onde o outro vai deslizar pra poder apontar, culpar e querer a mudança esquecendo o que era lindo, porque um dia com certeza foi.  E fica na esperança, ou melhor, na espera, de que com um simples passe de mágica o outro vai ser quem você precisa pra ficar inteira. E esquece que já foi um dia, que eram duas pessoas inteiras, completas, com qualidades e defeitos, mas que atraiam o próximo, e que se atraíram. E passam a anular o que foi bom, o que era pra ter dado certo, as músicas onde se viam coisas lindas no outro , se transformam em músicas melancólicas, tristes, onde ‘ ele não me ama tanto quando eu’, ‘mas se você me visse de outra forma’ , ‘logo eu que te amo tanto’. Cada um ama a sua maneira, e expressam esse amor de forma diferente. Não é exigindo o seu espelho de amor, que você vai saber realmente que o outro te ama, até porque, o amor não se exige, e quando é exigido, começa a ficar vago e perdido no caminho. E você sofre, sozinho, enquanto o que o outro quer realmente é distancia, porque você se tornou insuportável, indesejável, deixou de ser quem era, quem ele via e se tornou uma pessoa frustrada e insegura. E ai já é tarde, porque não vai adiantar você respirar e dizer que quer mudar, com certeza já tiveram essas conversas inúmeras vezes, querendo a mudança do outro. E não lembram que são duas pessoas com vidas independentes, e que quando estavam juntos era para somar e não para exigir a subtração do outro.  E nesse jogo de exigências sem se dar em troca, vão se ferindo, vão anulando pouco a pouco o que existia de positivo, por um esboço de amor que não existe e que não pode ser usado como parâmetro para a realidade.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Às vezes esperamos que alguém abra os braços e te aconchegue, que segure tua mão só por um minuto. São desejos rápidos e simples que por vivermos tão cheios de nós esquecemos que é difícil viver sozinhos e só nos damos conta da falta que faz quando não encontramos.  Hoje eu busquei carinho, só encontrei dedos a me apontar, não tinha ninguém pra me abraçar. É difícil receber de volta o que não se dá.  Então não me restou outra opção, sozinha, dormi.

terça-feira, 29 de março de 2011

Sabe, não é por uma questão de gostar ou não. De querer manter barreiras ou não. É uma questão de se entregar, e eu não estou pronta. Por mais que eu sinta o que eu sinto, que por muitas vezes se confunde, eu não estou pronta pra entrar nesse teu barco agora. Sua maré está calma e a minha tsunami. Pode ser que em algum tempo atrás estivemos na mesma sintonia, mas a frequência mudou pra mim, e você continua ai, sentindo as mesmas coisas por um EU que não existe mais. Eu que antes de vidro, como tu mesmo já mencionasse, agora só o pedaços cortantes de quem eu já fui. E você querendo cuidar da mesma forma, se aproximar da mesma forma, mesmo sabendo, ou melhor, tendo a certeza que eu iria te cortar, e eu fiz. E farei novamente, porque eu sou assim, estou assim. Você vai sangrar sempre que tentar se aproximar, e não será por falta de aviso, sangrará todas às vezes.  Não é por você, não é sua culpa, não é clichê, mas o problema sou eu, não você. E mesmo que você se prontifique a esta ali, a minha espera, eu não posso continuar a te iludir que eu vou voltar a ser doce como já fui. A ser meiga e tocável como um dia você confessou eu ser. Porque as coisas mudam, e às vezes mudam de forma tão bruscas que acabam transformando quem se é. E foi isso que aconteceu comigo, eu entrei num furacão, e constantemente estou lá, entre coisas voando e girando ao meu redor, algumas me arranhando, cortando, dilacerando. Não se iluda que a dor precisa ser visível, tem dor que nem sabemos expressar, mas que são as mais intensas. E você esta ali, fora desse furacão, la embaixo em terra firme enquanto eu estou voando, e você sorrir e acena, como se eu estivesse pertinho de você, mas não estou, estou la em cima, toda cortada e você não me enxerga sangrar, não imagina minha dor. Fica simplesmente esperando eu descer e continuar, como se tudo estivesse bem, sem estar. E nessa sua tentativa em me trazer pra perto, você tira minha concentração em desviar das coisas que tentam me atingir, e me faz sorrir quando encosta minha mão e me puxa pra junto. Mas ai vem uma coisa de surpresa e me acerta em cheio, e eu sangro novamente, choro. E vou pra longe de novo, e você sorrir e acena, enquanto se ilude que eu vou voltar e segurar sua mão.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Não agora...



Eu apagarei você da minha memória, deixarei no inconsciente qualquer lembrança boa que eu tiver de você, e sua voz eu não irei reconhecer. Não sentirei saudades das noites que passamos juntos, nem das palavras doces que trocamos, farei questão de esquecer o toque dos seus dedos no meu rosto. E não, não olharei pra trás na hora de partir, porque se eu olhar deixarei metade de mim, então sairei completa. Não vou guardar suas cartas e apagarei suas mensagens, esquecerei das coisas que cozinharia pra mim e não vou lembrar-me dos dias de chuva que passamos sob o mesmo guarda-chuva. Vou ser firme e não atenderei seus telefonemas, utilizareis de todos os artifícios que a mim estiverem disponíveis para não pensar nos dias incríveis que vivemos juntos. E esquecerei seu beijo suave, o toque leve dos seus lábios nos meus, e dos brutos. As mordidas, lambidas, a intimidade de tocar o outro, de ter o outro e de saber que o tem. Esquecerei a forma que minha cabeça se encaixava nos seus ombros, e de como suas mãos faziam voltas no meu cabelo enquanto ele simplesmente deslizava por entre seus dedos. E não lembrarei todos os gostos que provamos juntos e trocamos. Vou esquecer-me dos seus braços envolvendo meu corpo, da sua voz falando baixinho, dos seus dengos e carinhos. Da forma convincente de me fazer tentar e tentar outra vez. Vou ser minha, pra mim, inteira. Mas não agora. Não ainda. Prefiro voltar a tentar, mais uma vez.  Agora quero cuidar de você, te beijar novamente, sentir teus abraços de novo, dessa vez eu sussurrarei no seu ouvido e te direi tudo que você precisa ouvir. Não serei egoísta nem inconsequente, usarei de cautela nas minhas escolhas e espero que também o faça. Serei clara, e metade, esperando que você me complete. Não vou correr quando o medo bater à porta, mesmo podendo vir a chorar, mas não vou te deixar, não ainda, não agora. Vou aprender a pedir desculpas, eu juro, vou desculpar e parar de culpar. Saberei calar quando for necessário e ouvir quando precisares desabafar. Deitarei ao teu lado e eu mexerei no seu cabelo, fazendo voltas deixando simplesmente ele deslizar por entre meus dedos. E vou precisar olhar nos teus olhos, encará-los pra acreditar que ainda existe amor em ti, que eu ainda sou indispensável e indecifrável pra você.  E preciso que seja confiável, que não minta ou omita, preciso pressupor sua sinceridade, e acreditar nela. Preciso que seja fácil mesmo quando eu estiver difícil. E que fique calmo quando eu estiver histérica. E preciso de cuidado, de cuidar, de saber que ainda podemos funcionar. Da pra desistir sabe, parar de remar contra o dilúvio, da pra voltar atrás e jogar tudo de lado, viver sozinha sendo um pedaço de quem eu já fui e eu poderia, mesmo!, mas não quero tentar. Não agora.